Entre os muitos valores que norteiam a pessoa, certamente, o da consciência lhe é mais aprazível, uma vez que esse atributo é altamente desenvolvido no humano e define a posição básica que o difere de toda a espécie. Essa característica, qualitativa e quantitativa, lhe dá a honra de pertencer a mais alta casta da humanidade, o tem como referência no mundo e o possibilita nos mais altos níveis de integração. A consciência enobrece o pensar, testemunha os atos, edifica as atitudes e, sobretudo, torna mais visível a responsabilidade nas decisões. Tomando conhecimento dessa grande faculdade, a pessoa, estabelece julgamentos para a sua conduta, cumpre um dever e um senso de responsabilidade, que lhe oferecem honradez, retidão, probidade. Já nos diz Olívia Goldsmith: “A felicidade de nossa vida depende da serenidade da consciência”.
Blaise Pascal chama a consciência de “o melhor livro de moral”, o que vale dizer, onde está escrito o conteúdo que a todo o momento deve ser consultado. Cada modo de proceder, cada conduta, precisa ser documentado pela consciência, determinando assim, a oficialidade do que se diz ou se faz. Todo este agir, prudência a susceptibilidade de nossas ações, dando-lhes um comportamento ético-jurídico, levando em conta que, o que se assevera afirma ou se narra, já não nos pertence mais. A consciência é este estado durável que está alicerçado na personalidade no caráter de cada pessoa, definindo assim, a realidade de confiabilidade do eu que exprime e do eu que escuta. Essa aptidão, tão natural no humano, lhe dá o privilégio de efetuar e operar com liberdade, permitindo o consentimento do seu livre arbítrio, sem, contudo, o licenciar para fazer o que deve a seu belo prazer. Alenta-nos um autor desconhecido: “às vezes, lavando as mãos sujamos a consciência”.
A consciência é este grande patrimônio que dá vida ao humano, presenteando-o com um padrão de vida, edificando-o como protótipo e modelo dos seres criados. Este valor capacita seu entendimento, autentificando, seus procedimentos ético-jurídicos numa determinação volitiva adequada a pressupostos que o levam a uma pena necessária ou a uma grandeza de reconhecimento. Dante Alighieri consolida o que dizemos ao afirmar: “ó respeitável, límpida consciência, como te amarga a pequena ou grande falta”. Nada se pode comparar à consciência pesada. O remorso eleva as mais altas temperaturas da culpa. Um algo mal dito desequilibra a estrutura pensante do eu. A memória pode reter um milhão de informações, todavia, se uma delas falar todo o seu aglomerado fica insípido deixando a consciência endividada para com as faculdades, impressões e conhecimentos adquiridos.
Este grande monumento do ser humano, a consciência, celebra a grande capacidade que este tem perante o outro. No ver, julgar e agir, toda uma prudência precisa presidir suas ações para não cair em lembranças desagradáveis, em reminiscências de dor, raivas e ódios e, sobretudo, recordações que podem levar uma vida para serem esquecidas. Juan Luis Lorda certifica-nos com propriedade: “A consciência atua como um dar-se conta do que devemos fazer. Não é a decisão de como devemos agir: a decisão vem depois e consiste em seguir ou não o juízo da consciência. A consciência não é a decisão da vontade, mas o perceber com a inteligência. E não julga o que é que mais gostamos, mas o que devemos fazer. Por isso, se chama a voz da consciência, como querendo indicar que é algo que ouvimos, e nos é comunicado, que não somos nós que inventamos, mas que deriva da própria situação”. A ignorância deixa a consciência às escuras, não pode decidir porque lhe faltam as bases. Lute com veemência para que nunca sejas vulnerável para com sua consciência. Pense nisso.
Côn. Manuel Quitério de Azevedo
Professor do Seminário de Diamantina e da PUC – MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina – MG
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